A CHEGADA, O CINEMA E A LINGUAGEM
❤Este
filme “A Chegada” (“Arrival”) é a primeira vista um filme de ficção científica.
No entanto, ao longo da história, diversas questões sobre a própria humanidade
e sua existência são discutidas, culminando com um final imprevisível, poético
e simbólico.
Vamos
lá. Sem adentrar muito à história para não estragar a experiência de quem ainda
não assistiu à este belo filme, em linhas gerais, Dra. Louise Banks,
interpretada pela ótima Amy Adams, é uma linguista chamada para tentar se
comunicar com seres extraterrestres que invadiram a Terra em diversos pontos do
mundo.
Eles
não apresentam uma ameaça direta, mas é necessário entender o que querem dizer,
justamente para poder se antecipar e prevenir eventual ataque. A história se
passa nos Estados Unidos da América, mas demonstra que a realidade discutida
pode ser aplicada em qualquer parte do mundo – as diversas conferências entre
as nações demonstram bem isso.
Porém,
mais do que um filme sobre alienígenas, união dos povos, como alguns parecem
pensar, o filme vai além, e questiona a própria razão de existirmos, nossas
crenças e visões de mundo.
A
direção do filme é certeira e delicada, conduzida por um diretor que eu gosto
muito e que não tem medo de arriscar – o canadense Denis Villeneuve, dos também
brilhantes filmes “Incêndios” e “Blade Runner 2049”.
Ainda,
a trilha sonora compõe com o filme de maneira sublime, mostrando que não há
começo nem fim, somente a existência. Repare que a música age como parte
fundamental da história, interagindo e se misturando com ela, tecendo os
acontecimentos através de sua melodia por vezes suave, por vezes intensa.
A
discussão primordial do filme, ao menos a meu ver, se desenrola sobre a
linguagem e suas bases. Para desenvolver uma língua a fim de se comunicar com
estes seres, a personagem de Amy Adams precisa entender os próprios fundamentos
do universo em que eles vivem.
Parece
confuso, mas não é – não muito, pelo menos. A base da língua é a base da própria
sociedade. É o entendimento que ela tem sobre os assuntos que a caracterizam
como tal.
No
caso do filme, e linguista vem a entender que eles se comunicam de uma forma
circular, sem começo, nem meio, nem final, sendo tudo parte da forma holística
destes seres verem o mundo.
Cada
povo tem sua forma de ver o mundo e sua linguagem a espelha com clareza. A função
do linguista não é só compreender a língua, mas o próprio contexto em que está
inserida.
O
cinema possui uma linguagem específica, assim como a música, a literatura, cada
uma com regras e características próprias.
Como
qualquer forma de linguagem, o que é dito não é necessariamente o que é
entendido. Cada um reconhece o que é dito a partir de suas próprias experiências,
vivências e formas de ver o mundo. Por isso, muitas vezes dizemos algo que é
mal compreendido, ou que é entendido de forma totalmente diversa ao que
dissemos.
Este
filme, como qualquer outra forma de expressão de linguagem, tem diversas interpretações.
Eis a minha: empatia, conhecimento e humildade são as melhores formas de se
adentrar a um mundo novo. Seja extraterrestre ou terrestre.
Só
podemos almejar entender outra pessoa se tivermos o mínimo de paciência e
vontade de entendê-la. Ouvir, aprender e buscar a compreensão é a grande lição deste
filme para mim. O medo e o desconhecimento só levam à ruína.
É
o cinema ensinando que não importa quem, não importa onde, tudo se resume à interpretação
que cada um faz da situação posta. A minha, é que a base de tudo é o amor.❤
Muito bom!
ResponderExcluirOuvi dizer que uma teoria linguística chamada hipótese de Sapir-Whorf foi usada como inspiração pra essa história incrível - uma espécie de relativismo linguístico que a linguagem determina o pensamento, e não o contrário. Louco né! hahahah
Muito louco! Vou pesquisar, achei bem interessante!! Obrigada pela informação ;)
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