"CARPE DIEM" OU ALGO ASSIM

fevereiro 27, 2019

O sol já se pôs há muito tempo. Lá fora, o silêncio impera. As pessoas estão dormindo em suas camas, os animais silenciam, descansam, recolhem-se em si.

Aqui dentro ainda há barulho. É a cabeça que gira sem parar, o coração que aperta, as palavras que buscam uma forma de sair. É o peito que urge, e as ansiedades que brigam para ver quem vai ganhar.

É, o tempo passa e a vida continua. Cortes viram cicatrizes, amores viram dores que viram lembranças. Momentos viram histórias e tão logo percebemos, estamos vivendo um novo momento que amanhã, já será ontem.

Reza a lenda que um rei pediu para um sábio de seu reino escrever em sua coroa uma frase que o deixasse feliz e triste ao mesmo tempo. Após muito pensar, eis a frase escolhida pelo sábio: “tudo passa”.

De fato, tudo de ruim passa, assim como tudo de bom. Nossa vida é uma constante de momentos que se vão. Que passam, sejam eles bons ou ruins.

Por isso aquela máxima do viver hoje, “carpe diem”, aproveite o momento. 

Por isso “Sociedade dos Poetas Mortos” é tão essencial. Neste lindo filme em que Robin Williams interpreta o professor que incita seus alunos de um colégio interno bastante formal a quebrar barreiras e a viver o agora. Intensamente. Apaixonadamente. A arte, a poesia, o amor.


Se tudo o que temos é o hoje, vamos viver o agora. Claro, fácil falar. Difícil colocar em prática. Colocar nossas expectativas, frustrações, ansiedades e desejos de lado e viver o momento. Difícil é apenas "ser" em um mundo que insiste que precisamos planejar, nos preparar, que as coisas boas não acontecem do dia para noite, que é preciso muito sacrifício, suor e lágrimas.

Então, internalizamos essa entidade batalhadora-sofredora e nos dedicamos. Passamos anos a fio em busca daquilo que tanto almejamos, até que um dia, e esse dia sempre chega, percebemos que aquilo que tanto queríamos não faz mais sentido.

Percebemos que crescemos, evoluímos ou que simplesmente não queremos mais. E então, o desespero. O choque da realidade com a expectativa, dos anos de dedicação com o “não quero mais, e agora?”.

Travamos. Eu pelo menos, reflito, penso, penso e nada acontece. Travo. Mas o mundo continua a girar. E gira tanto e tão rápido que perco o equilíbrio e caio. Permaneço no chão, às vezes demoro a levantar.

Como no filme dos poetas mortos, nem todos aguentam o giro. Nem todos aguentam encarar a realidade, se encarar, e permanecem no chão, às vezes permanentemente.

Porém, como “tudo passa”, e sempre passa, uma hora levantamos, começamos a andar e quando nos damos conta, estamos correndo novamente.

Em direção a que? A novos sonhos, a novas possibilidades. Em direção ao futuro. Sem controle, sem planejamento, apenas vivendo, fazendo o melhor agora e torcendo para que tenhamos sabedoria e coragem quando esse melhor não mais se mostrar suficiente, e formos chamados a viver em outro lugar. De outro jeito.

Até que um dia o tempo acabe, e que nesse dia, possamos ter a certeza de ter vivido.

10 comentários:

  1. é isso mesmo, Carol! adorei o texto e as ligações que fez através dele, as citações foram de arrasar! A sociedade dos poetas mortos é simplesmente brilhante! maravilhosa vc é!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Laura, que bom que gostou! Maravilhosa é você! :) E amo esse filme!!

      Excluir
  2. Adorei!
    O filme é maravilhoso, a mensagem que você consegue passar dele é linda. Realmente temos que ter isso em mente, tudo passa! temos que viver o agora! Eu precisava dessas palavras mesmo por tudo que estou vivendo nesse momento.
    Você é maravilhosa Carol! Preciosa sua amizade!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ai que lindo Fer! Obrigada! E que bom que te ajudou, ainda que infimamente. Você também é uma amiga muito especial!

      Excluir
  3. Eu preciso te dizer que estou chorando. Esse texto mexeu comigo em proporções gigantescas, acho que pelo período que o li, sabe?

    Cê é tão incrível, Carol. Tão incrível (e esse filme também).

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ai Mafê, que bom que minhas palavras chegaram a você na hora certa! Espero que tenham te acalentado. E obrigada. Você também é incrível! E esse é um dos meus filmes favoritos.

      Excluir
  4. Que delicado! E é bem isso mesmo Carol linda! Como muito bem colocado por você, as vezes é até difícil simplesmente "ser"!

    Ah como estou amaaando seus textos! <3
    Beijinhos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lulu maravilhosa! Obrigada pelo comentário..e que bom que está gostando! Se segura que está vindo muita coisa boa pela frente! Beijos

      Excluir
  5. Que texto,Carol. Descreveu lindamente os mistérios e as delícias da vida. Tudo passa. Felizmente ou infelizmente.

    Mas tenho certeza de uma coisa: esse teu talento nunca passa não ❤️

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que lindo, Fer! Obrigada pelo carinho e pelo elogio!! Que bom que gostou do texto. :)

      Excluir

Tecnologia do Blogger.