MEMÓRIAS SILVESTRES DE FERRIS BUELLER





Essa carta é para você que viu seu mundo ruir sob seus pés. É para você que fez mil planos, criou diversas expectativas, só para tê-las quebradas, uma a uma, e se ver sem chão.

Esta carta é para você que idealiza situações, e o pior, pessoas. É para você que almeja ser cada dia melhor, mas no instante em que tudo não vai tão bem, se desespera. É para você que não aceita imperfeições.

Esta carta é para mim.

Na vida, criamos situações idealizadas. Na cabeça, passamos os mínimos detalhes a fim de que tudo saia e-xa-ta-men-te como o planejado.

Então a vida acontece, e sim, muito do que planejamos ocorre, porém, os mínimos detalhes nem sempre obedecem.

Não vou falar de expectativa x realidade, de se adaptar à vida, de resiliência e de dor. Tampouco falarei de superação. O que quero dizer, nestas poucas linhas que escrevo, é que planejar é bom, é necessário, mas executar é fundamental.

Aquela história do “feito é melhor do que perfeito” pode também ser transposta para o “pense menos, faça mais”. Não estou dizendo para abandonar os planos, tampouco para agir impulsivamente (se bem que em algumas situações, até que é válido).

O que estou dizendo, e digo para mim também, é que passamos tanto tempo no mundo das ideias, na Caverna de Platão, que pouco agimos, que pouco fazemos de fato.

“Preciso ligar para tal pessoa, faz tempo  que não a vejo”. Então, os segundos passam (sim, são necessários segundos para nos dissuadir de algo), e esquecemos, nos distraímos com as mil obrigações da vida moderna e passamos para a próxima tarefa. Nessa, aquela pessoa nem cruza mais nossa mente.

Dei um exemplo trivial, mas isto ocorre desde as pequenas decisões, de ir ao salão, dar uma corrida ou mandar uma mensagem para um amigo distante, até os grandes planejamentos.

Culpe a preguiça, a distração, a rapidez do mundo moderno. Porém perceba. Perceba que age assim, que o tempo passa de qualquer jeito, e que se não dermos uma de Ferris Bueller e “Vivermos a vida adoidado” – (título esse esquisito, mas enfim), quando nos dermos conta os anos terão passado, e ficaremos apenas com o gosto de “e se”.

Que as lembranças dos “Morangos Silvestres” de Igmar Bergman não nos assombrem, mas tragam boas e fortes memórias daquilo que fizemos e vivemos.

Que nas memórias silvestres de Ferris Bueller, possamos olhar para trás e sorrir.




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