MATRIX E AS REALIDADES EM QUE VIVEMOS
“Bem vindo ao
deserto do real.”
Para quem
nunca assistiu a este filme incrível eu digo: assista. Porém, deixe para
fazê-lo ao terminar este texto, prometo não dar muitos spoilers.
Matrix é um
filme do final da década de 90 que revolucionou o gênero da ficção científica.
Não só pela tecnologia usada, inovadora para a época, mas pela história cheia
de referências e simbolismos.
O filme fez
tanto sucesso que dois outros foram feitos depois para completar a trilogia,
nos quais se expandiu o universo mostrado no primeiro. Contudo, por considerar
o primeiro filme completo em si, vou focar nele na análise que se segue.
Na história,
Neo é um programador que durante o dia tem um trabalho que odeia, burocrático e corporativo, enquanto à noite é um dos hackers mais famosos da cidade.
Todavia, sua
vida contém um buraco que ele busca preencher em noites vazias e procuras
infrutíferas pela internet.
É quando uma
mensagem aparece em seu computador lhe dizendo para seguir o coelho branco –
referência direta à “Alice no País das Maravilhas” – de Lewis Carroll, a
primeira de várias ao longo do filme.
A partir daí,
nosso protagonista embarca em uma aventura de autodescobrimento e de descoberta
da realidade do próprio mundo em que vive.
Quando saiu, o
filme chamou bastante atenção pela forma como é contado. Não é novidade que a
ficção científica, seja através do cinema ou da literatura, busca analisar
questões do presente com uma abordagem futurística, nos fazendo refletir sobre nossa própria vida e as
escolhas que fazemos.
Porém, Matrix foi além e trouxe questionamentos de cunho religiosos, fazendo paralelos com o cristianismo, com o budismo e outras crenças.
Porém, Matrix foi além e trouxe questionamentos de cunho religiosos, fazendo paralelos com o cristianismo, com o budismo e outras crenças.
Apesar de toda
essa gama de questões, focarei na que considero a mais relevante: a realidade
em que vivemos.
Neo acreditava
viver em um mundo controlado por ele, em que as escolhas que fazia eram dotadas
de livre-arbítrio. Contudo, ao ser confrontado com a realidade, descobre que
seu mundo nunca foi livre, e que ele e toda a humanidade estavam dormindo para
a verdade: eram meros instrumentos, com uma falsa percepção de liberdade e um
livre-arbítrio apenas aparente.
Esta discussão
está presente em várias narrativas de ficção científica, como na incrível série
“Westworld” (no ar atualmente), e nos livros “Admirável Mundo Novo” de Aldous
Huxley e “1984” de George Orwell, para citar apenas alguns.
Isto porque
decifrar os limites da liberdade humana, até onde podemos escolher, e até onde
a escolha é feita por nós, é questão que vem sendo debatida por diversos
estudiosos ao longo do tempo.
E como a
história de Matrix dialoga com a realidade em que vivemos? De várias maneiras.
Aqui, o mito
da caverna de Platão é invocado, jogando a falsa percepção da realidade – ou as
sombras da caverna, contra a verdadeira realidade, aquela que se encontra
atrás, fora da caverna.
A grande
questão, ao menos a meu ver, é a realidade em que vivemos x aquela em que
realmente vivemos.
Muitas vezes
nos colocamos como vítimas de nossas próprias circunstâncias. Deixamos nossa
liberdade de lado para vivermos uma vida confortável, segura e assim, desperdiçamos o que seria uma vida de verdade, difícil, mas incrível.
Neo é
confrontado com esta escolha, entre permanecer na vida que conhece, na chamada
“zona de conforto”, representada pela pílula azul, ou acordar para a vida de verdade, em que as escolhas são dele, mas também as consequências, tomando a
pílula vermelha.
Em nenhum
momento seu guru, por assim dizer, de nome Morpheus, lhe diz que será fácil,
apenas lhe promete que a verdade o libertará (com uma referência direta aos
textos bíblicos).
A partir desse
momento Neo entra em uma espiral de conhecimento, verdade e dor que o levará ao
centro de tudo, e, o mais importante, ao centro dele mesmo.
“Não tente
entortar a colher, isto é impossível. Ao invés disso, tente perceber a verdade:
não há colher.”
Brincando com
conceitos filosóficos e existenciais, intercalados com ótimas cenas de ação,
fotografia incrível (destaque para o trabalho de cores entre as cenas do "mundo real" e da Matrix) e um elenco fabuloso, Matrix é um filme que pode ser revisto
durante toda uma vida.
A cada sessão nos
deparamos com algo e percebemos coisas novas. Crescemos, evoluímos e vemos que
a prisão de nossas mentes não é real. Porém, a escolha para se livrar das
amarras é nossa.
Como diz
Morpheus: “Cedo ou tarde, você vai aprender, assim como eu aprendi, que existe
uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho.”
Assim como
saber qual caminho trilhar é diferente de efetivamente trilhá-lo, saber que se está em uma caverna e efetivamente deixa-la são coisas diversas.
Então, vamos aos poucos. Passo a passo, acordando para a realidade da vida. deixando de sermos controlados por um sistema opressor (“Clube da Luta” que o diga), tentando pensar e escolher por nós mesmos.
Agindo como verdadeiros descobridores de nosso mundo, passando a viver uma vida mais real e livre.
Se o papel do cinema e da literatura é nos fazer refletir sobre nossa vida (ao menos um dos papeis), Matrix o faz muito bem, nos incitando a refletir sobre a vida que queremos e a que efetivamente vivemos, além, é claro, de ser um obra de arte cinematográfica❤
Então, vamos aos poucos. Passo a passo, acordando para a realidade da vida. deixando de sermos controlados por um sistema opressor (“Clube da Luta” que o diga), tentando pensar e escolher por nós mesmos.
Agindo como verdadeiros descobridores de nosso mundo, passando a viver uma vida mais real e livre.
Se o papel do cinema e da literatura é nos fazer refletir sobre nossa vida (ao menos um dos papeis), Matrix o faz muito bem, nos incitando a refletir sobre a vida que queremos e a que efetivamente vivemos, além, é claro, de ser um obra de arte cinematográfica❤
Nenhum comentário: