PESSOAS INSPIRADORAS - FABÍOLA SIMÕES

Fabíola Simões é escritora e dentista. Criadora do blog "A Soma de Todos os Afetos", com textos diários recheados de temas inspiradores e práticos, uteis para o dia a dia e para a vida (e do qual tenho muito orgulho em fazer parte!). Com dois livros publicados, seu olhar sensível sobre o mundo é compartilhado em cada texto, em cada projeto, e agora em vídeos para o Youtube que estão encantadores e emocionantes. A seguir, um pouco mais sobre essa pessoa linda e inspiradora, e, ao final, informações sobre onde encontrá-la por aí. Boa leitura!



1)   Se você tivesse que escolher entre 1 e 3 livros que mudaram a sua vida, aqueles que você não vive sem, que daria de presente sempre que pudesse, quais seriam?

Muitos livros foram especiais e importantes na minha vida, e não sei se conseguiria citar até 3 livros! Mas vou tentar. Na minha pré-adolescência, um livro que foi muito importante e de certa forma “me salvou” foi “A bolsa amarela”, de Lígia Bojunga. Foi um livro que acolheu minhas dores e dúvidas num período de muitos conflitos, que é a adolescência, e por isso se tornou muito especial. Eu falo desse livro no diário dos meus 12 anos, e conto como eu me identificava com a história da “menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela) – a vontade de crescer, a de ser garoto e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação – por si mesma uma contestação à estrutura familiar tradicional em cujo meio ‘criança não tem vontade’ – essa menina sensível e imaginativa nos conta o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado por sua imaginação fértil e povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa, e a menina segue rumo à sua afirmação como pessoa.” A simbologia desse livro vai muito além da história, e cada vez que eu releio o livro, mais encantada fico.

Outro livro foi “O diário de Anne Frank”. Li esse livro em 2 períodos da minha vida. O primeiro período foi na minha adolescência, e o segundo, há uns dois anos. É claro que a segunda leitura me trouxe mais ensinamentos, mas ambas foram muito ricas e cheias de lições. Com Anne Frank descobri que a liberdade não consiste num espaço - fora do esconderijo ou longe do lugar onde nos encontramos -, mas sim numa forma de existir. Pois Anne, aos treze ou quatorze anos, descobriu que poderia ser livre ao reagir com fé num futuro melhor. Principalmente, que poderia ser livre através de sua caligrafia certeira e corajosa, acreditando firmemente que um dia suas memórias serviriam para outras gerações se inspirarem e viverem melhor. Como não me inspirar nessa garota?

Finalmente, gostaria de citar “Minha vida de Menina”, de Helena Morley, que se trata do diário de uma menina de 13 anos que viveu em Diamantina – MG, no século XIX, e retrata com muito bom humor, honestidade e espontaneidade a vida cotidiana da sociedade brasileira. Esse livro me trouxe a certeza de que boas histórias podem nascer do encanto pelas coisas simples. Mais ou menos como aquela frase de Manoel de Barros: “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós...”.

2)   Qual filme (s), série (s), documentário (s) você considera imperdível?

Adoro séries!!!!
Gosto muito de Grey’s Anatomy, acho as mensagens perfeitas!
Adoro uma série antiga, chamada “Anos incríveis”, que retrata a adolescência de um menino nos anos 60 e é muito delicada e sensível, cheia de nostalgia e frases certeiras.
Tenho assistido “O tempo entre costuras” e estou gostando muito!
Adorei “As telefonistas”, que conta a luta das mulheres para vencer o machismo no início do século passado.
E um filme que eu recomendo e assisti recentemente é “A Sociedade literária e a torta da casca de batata”.

3)   Qual foi o ensinamento/crença/aprendizado que mais mudou sua vida nos últimos anos?

Acho que esse período de eleições me trouxe ainda mais certeza de que precisamos usar nosso tempo produtivamente, e não somente em redes sociais ou grupos de whatsapp. Apesar de trabalhar com redes sociais e blog, acredito que há um excesso no tempo em que passamos conectados, muitas vezes navegando em assuntos que não acrescentam nada. Não sou contra a internet, mas acho que é preciso peneirar onde devemos ou não nos demorar. Tenho me policiado muito nesse sentido, tentando não perder muito tempo com aquilo que não acrescenta.

4)   Quando e como você soube o que queria fazer da vida? Quando descobriu seu propósito? Por que você faz o que faz?

Muita gente não sabe, mas além de ser escritora, eu sou também dentista, e trabalho num Centro de Saúde em Campinas diariamente.
Quanto a escrever, desde muito criança me expressava melhor através dos textos, das redações, dos diários. Fazia pequenos livros em cadernos usados e usava os diários para desabafar minhas angústias, medos, desejos e alegrias. Quando tinha 11 anos, ganhei um concurso literário em Minas Gerais e fiquei muito feliz, acreditando que nas palavras poderia encontrar refúgio e coragem. Quando prestei vestibular, optei por odontologia por ser uma carreira mais “segura”. Não me arrependo. Acredito que os sonhos podem se concretizar paralelamente a um emprego “convencional”, e andar lado a lado com as obrigações e responsabilidades de uma vida mais “segura”. Em 2013, passando por um problema pessoal, decidi começar um blog de crônicas. Não tinha o objetivo de ficar conhecida nem de ter seguidores, mas aconteceu. O blog cresceu e as páginas nas redes sociais também. Fico muito feliz com a repercussão de tudo, pois realmente não acreditava que isso pudesse um dia acontecer. Publiquei dois livros: “A Soma de todos os Afetos” pela Ed. Planeta Azul e “Felicidade Distraída” pela Editora Novo Século.

5) Como é seu processo criativo (ou de trabalho)? Você é metódica com o que faz, ou deixa as coisas fluírem espontaneamente?

Antigamente eu deixava fluir, mas atualmente eu tenho um prazo, que é escrever toda quinta feira no blog, além de produzir um roteiro para gravação de um vídeo no YouTube toda terça feira. Então preciso ter rotina, disciplina e seguir uma programação. Porém, depois de decidir o tema, deixo a inspiração voar, e coloco no papel tudo o que vai dentro do meu coração em relação àquele tema. Às vezes flui com facilidade, outras vezes tenho que “transpirar” mais. Acho então que é uma mistura de disciplina e inspiração.

6) Quando você está exaurida/sem foco/sem inspiração, o que você faz?

Se, mesmo sem foco e inspiração, eu tiver que escrever, eu procuro assistir a algum documentário no Netflix, a alguma palestra no YouTube ou ler um trecho de algum livro para me inspirar a abordar algum assunto interessante nos meus textos. Adoro as palestras do TED por exemplo. Sempre funciona!

7) Quais (ou quem) são suas maiores influências/inspirações?

Na escrita minhas influências e inspirações são: John Fante, pela sensibilidade; Philip Roth, pela honestidade; Julian Barnes; Caio Fernando Abreu; Clarice Lispector.

8) Qual foi o processo de criação de seu livro? O que você tira de positivo e de negativo dessa experiência?

Meus dois livros foram resultado de um acervo de crônicas já publicadas no meu blog, então o processo foi só reuni-las e enviar para as editoras avaliarem. O primeiro livro teve uma edição modesta, e o lado negativo foi que não gostei do processo de edição. Já o segundo livro, teve um cuidado maior na edição e fiquei bem satisfeita. O lado negativo em ambos os casos foi a distribuição dos livros, nem sempre satisfatória. Muitos leitores têm dificuldade de encontrar os livros para comprar. Porém, entendo que é um problema geral no mercado editorial brasileiro.

9) Quais seus próximos projetos/sonhos/objetivos?

Meu novo projeto é a estreia no YouTube. Estou animada em ingressar numa nova rede de comunicação com meus seguidores. Pretendo sempre levar uma dica de livro, filme ou documentário junto com minhas reflexões, tentando agregar algum “acréscimo de vida” a quem me assiste.

10) Se você tivesse que deixar uma mensagem para quem está lendo, qual seria?

Se hoje você me lê e tem vontade de começar a escrever, gostaria de dar uma dica: acredito que boas histórias não precisam ser construídas a partir de fatos extraordinários. Boas histórias nascem do que é simples e comum, sem maquiagem, máscaras ou enfeites, e por isso causam identificação em quem lê. Boas histórias levam o leitor a resgatar dentro dele suas próprias narrativas, de um jeito novo, sob uma nova ótica e perspectiva. São aquelas que trazem entendimento, acolhimento, leveza e humor diante da própria existência. A maneira de quem conta, a partir de um olhar mais sensível e apurado, pode modificar qualquer fato e trazer à tona a humanidade e a alma do leitor. Através das palavras, podemos construir histórias extraordinárias a partir do ordinário da vida.

11) Espaço para comentários finais.

Agradeço a você, Carolina, por essa entrevista, e a todos que me acompanham nas redes sociais e blog! Sem esse retorno positivo, talvez não teria coragem de ousar buscar aquilo que me realiza plenamente, que é escrever!



Obrigada Fabíola pela entrevista maravilhosa. Foi incrível poder conhecer um pouco mais sobre você, e pode anotar ótimas dicas de livros, filmes e vida! Muito sucesso em suas novas empreitadas! Estarei acompanhando com certeza!!


Onde encontrá-la:

Nas redes:

Livro:

P.S.: Tenho o livro e amo! É recheado de crônicas lindas, que valem a pena ser lidas todos os dias para se inspirar!

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