PESSOAS INSPIRADORAS - JL AMARAL
J.L. Amaral é um escritor incrível e um
cara super do bem. Suas postagens diárias no Instagram dialogam direto com o
coração. Seus dois livros então, atingem em cheio. Li o primeiro, “Entre
Pontos”, finalista do Prêmio Kindle de literatura em 2017 e fui às lágrimas. A
história é ao mesmo tempo simples e complexa, sensível e humana. Já comprei sua
segunda obra “Borboletas Azuis” e estou ansiosa para acompanhar seu
desenvolvimento como escritor. Um frescor mais do que necessário na sociedade
de massa em que vivemos. A seguir, um pouco mais dele.
1) Se
você tivesse que escolher entre 1 e 3 livros que mudaram a sua vida, aqueles
que você não vive sem, que daria de presente sempre que pudesse, quais seriam?
Antes de
mais nada, agradeço imensamente a você, Carol, pela oportunidade de dividir um
pouco sobre mim com os leitores. Uma honra, saiba! Vamos lá, fugirei dos
clássicos, tão reconhecidos, confessarei aqueles que levo dentro do coração – e
por motivos particulares: o primeiro deles, Cavalo de Tróia,
do J.J. Benítez, teve impacto direto na minha escrita. Li por
influência do meu primo mais velho, que o devorou. Fiquei fascinado com o nível
de detalhe que o autor empenhou na escrita das cenas, chegando a descrever a
fivela de uma sandália usada há dois mil anos. Fato simples, transportou-me lá
para dentro da narração, passou uma sensação de realismo tal que comecei a
perceber os detalhes e texturas das coisas ao redor, praticar nos textos.
Quando ouço um comentário sobre Entre pontos ser autobiografia
(não é, longe disso, trata-se de pura ficção), fico feliz demais, vejo que
consegui, de alguma maneira, tomar o leitor pela mão, embarca-lo comigo na
viagem pelas ruas da cidade. O segundo livro mostrou-me uma narrativa simples,
o ponto de vista de uma criança, sua inocência: é O menino do pijama
listrado, do John Boyne. Uma história forte, muito bem contada, segura a
curiosidade até o fim, termina no alto, parece ressoar, ficar com a gente,
continuar após a última linha. Busquei esse refinamento nas minhas obras,
especialmente na segunda, Borboletas azuis, deixei um certo
mistério no ar já logo no primeiro capítulo, o segurei até o fim, deixei umas
reticências ao leitor. O terceiro é o aclamado O caçador de pipas,
de Khaled Hosseini, livro denso, lembro-me de tê-lo lido em duas tardes,
encantei-me com as descrições das emoções das personagens, a amarração do
enredo, torcia por desfecho positivo, prendia a respiração em partes mais
complexas, complicadas. Hoje, tento mergulhar nesse mundo de sensações,
traduzi-las em meus escritos – será que consigo?
2) Qual
foi o ensinamento/crença/aprendizado (pode ser mais de um) que mais mudou sua
vida nos últimos anos?
“A vida
quer conversar, ensinar, é preciso arrumar tempo para escutar”.
A pressa
dos dias, a cobrança para darmos conta de tudo o que temos a fazer, nos impede
de parar por cinco minutos (cinco míseros minutos em imensas vinte e quatro
horas), de olhar para os acontecimentos com calma, analisar, entender a lição.
Meses depois, feito mágica, relembramos aquele momento – enquanto esperamos o
ônibus, o início do filme no cinema, ou na fila do pão – e parece tão claro o
ensinamento, ‘como pude não perceber na época’, não é assim? Então, o que faço
é encontrar esse tempo, dar-me os cinco minutos de presente, diariamente, seja
antes de levantar da cama, no banho, no metrô, ou à noite, já com luz apagada e
cabeça no travesseiro. Os pensamentos voam livres, as emoções se apresentam, eu
enxergo melhor os erros (são muitos), comemoro acertos, aprendo com os dois. É
um exercício, forma diferente de olhar para a vida, deixa-la explicar o que eu
preciso entender. Dá certo!
3) Quando
e como você soube o que queria fazer da vida? Quando descobriu seu propósito?
Por que você faz o que faz?
Sinto-me
fascinado em poder surpreender alguém com um texto, seja longo ou curto, não
importa, mas perceber a respirada rápida, o fôlego perdido, o sorriso tímido se
formando no canto dos lábios, quem sabe a gargalhada boa, impossível de
segurar, os olhos úmidos por emoção sentida. Quando criança, deixava recados
engraçados aos meus pais, não escrevia apenas “ligar para fulano”, mas
inventava poema, história. Tempos depois, na escola, os desafios eram as
redações, tentava ir além do tema proposto, fosse por forma ou por conteúdo,
saía do comum. As cartas para a namorada, páginas e páginas, os trabalhos da
faculdade, os bilhetes, as mensagens, até um e-mail de trabalho precisava ser
único. Não sei dizer ‘quando’, confesso, a escrita foi crescendo comigo,
ocupando espaços, arrumando jeitos de se mostrar, sorrateira, para mim, outros
jeitos de ME fazer expressar ideias, sentimentos, de me encantar pelas reações
de quem me lê. Hoje, faço por propósito (e de propósito). J
4) Como é
seu processo criativo (ou de trabalho)? Você é metódico com o que faz, ou deixa
as coisas fluírem espontaneamente?
Um pouco
dos dois: no momento de criação, seja de um novo romance ou dos textos/frases
para as redes sociais, deixo os pensamentos fluírem livres, não os privo, não
os censuro. Quero a ideia bruta, com camadas e cascas, para só então
trabalha-la. Aí, sim, entra o método: para os romances, faço um roteiro por
capítulo, rabisco linha do tempo, características de personagens, cenas e fatos
fundamentais para a narrativa. Preciso de início e fim. O meio, percebi nas
duas obras, é um ser vivo, evolui, amadurece. Para os textos curtos, tenho
rascunhos no Word e no bloco de notas do celular, escolho uma das frases,
lapido, lapido, lapido, até achar que o resultado está bom, só depois a
publico. Sem horário fixo, escrevo a qualquer momento, crio em qualquer
ocasião, não me importo com barulho, consigo me concentrar sem dificuldade.
5) Quando
você está exaurido/sem foco/sem inspiração, o que você faz?
Exercícios
físicos e, acredite, atividades domésticas. Sair para correr em uma manhã
qualquer, nadar algumas chegadas, lavar louça, separar roupa branca de colorida
para colocar na máquina, passar aspirador, um passeio longo com os cachorros,
são maravilhosos palcos para novas ideias se apresentarem.
6) Quais
(ou quem) são suas maiores influências/inspirações?
As
pessoas simples, de risos sinceros, de gestos maravilhosos, de olhares que
dizem muito, de rostos desconhecidos. Porque seus atos são verdadeiros, não
querem flashes, não há intenção outra senão ajudar, vivem com intensidade, do
jeito que podem, que sabem, conhecem. Porque se divertem de maneira genuína, se
encantam com as pequenas coisas, reparam em detalhes, a beleza das flores, as
cores nas asas de uma borboleta, ouvem os cantos dos pássaros. Pessoas simples
me encantam, me inspiram, emocionam. De verdade.
7) Qual foi o processo de criação de seu livro? O
que você tira de positivo e de negativo dessa experiência?
Entre
pontos surgiu
a partir de um conto, eram duas páginas, ainda com o título de ‘O menino do
ônibus’. Vi, nele, a história a ser contada em narrativa longa, arrisquei
dividi-lo em capítulos, cada um representando um ponto de parada do 106-A, onde
subiria uma personagem, teria papel importante na vida do protagonista. Gostei
muito do resultado, fiquei orgulhoso, feliz. Não esperava ter sido classificado
entre os cinco finalistas do 2o Prêmio
Kindle de Literatura, foi ótima surpresa, inesperada, até chorei de alegria
quando recebi a notícia. Queria tê-lo já na versão impressa (único ponto
negativo), muita gente me pede, quer guardar, presentear os amigos, os
familiares, acham leitura fascinante. Logo terei, há passos a serem respeitados,
editoras analisando, não demorará a sair, tenho certeza.
8) Quais seus próximos projetos/sonhos/objetivos?
Lancei
agora em setembro o meu segundo romance, Borboletas azuis. Está
disponível no site da Amazon.com.br, em Kindle, inscrito no 3o Prêmio
Kindle de Literatura. Uma história mais longa, desafiou-me como escritor, tanto
em formato, quanto em conteúdo, mexeu comigo. Personagens marcantes, eles
crescem ao longo das páginas, há um mistério que os une, uma narrativa linda,
linda. Esforcei-me muito, muito mesmo, para tentar deixar uma escrita mais
limpa, fluida do que a de Entre pontos – quem leu o original ficou muito bem
impressionado, vê uma obra complexa. Torço demais por Bela e Marcel, os
protagonistas, quem sabe não os vejo nas telas dos cinemas? – Sonho, eu sei,
mas é tão bom sonhar alto assim.
9) Se você tivesse que deixar uma mensagem em uma
frase para quem está lendo, qual seria?
Ganha
quem se encanta com as PEQUENAS coisas da vida, porque encontra bons motivos,
todos os dias, para continuar a sonhar.
10) Espaço para comentários finais
Agradeço
muito a você por ter aberto esse espaço, desejo todo o sucesso do mundo,
divertidas conversas, milhares de motivos para sorrir. Conte sempre, sempre
comigo, estou e estarei à disposição.
Obrigada por dividir um pouco de você conosco! Sua
entrevista me inspirou, e fiquei ainda mais agradecida à vida por ter cruzado
nossos caminhos! Tomara que tenha inspirado você também, leitor!
J. L. Amaral pode ser encontrado em :
Instagram: JL Amaral.escritor
E seus livros: Entre Pontos
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