APEGA OU DESAPEGA?
❤Se apega, se apega sim. O mundo já
está cheio de desapegos.
Cada vez mais me deparo com textos e
frases preconizando o desapego. O deixar fluir, deixar as coisas acontecerem, não
se prender a bens, momentos ou pessoas.
Acho lindo e válido, até certo ponto. O
desapego se mostra necessário em um mundo em que o apego material está cada vez
maior. Em que não conseguimos viver sem o celular da moda, o carro do ano ou a
roupa da vez. Desapegar é viver de uma forma mais simples, mais livre, mais
conectada à essência do viver do que a bens materiais.
O desapego saudável, ao menos na minha
concepção, é o que visa levar a uma vida mais real do que aparente. É aquele
que busca nos tornar pessoas melhores e mais conscientes de quem somos.
Contudo, vejo que o conceito de
desapegar está sofrendo uma ampliação que não considero saudável, e
infelizmente está se alastrando e tornando as pessoas cada vez mais solitárias
e infelizes.
Este desapegar de que falo é o
desapegar de atitudes, consequências, e, principalmente, de outras pessoas.
O desapegar de atitudes é aquele dizer
o que eu penso, quando eu penso, na forma que eu quiser. Como “estou nem aí”,
posso destilar minhas impressões maldosas, inverídicas e quase sempre
desnecessárias como se fossem gotas de chuva: de forma abundante e
indiscriminada.
As redes sociais contribuíram para
isso, para essa disseminação de conteúdo que jamais as pessoas diriam
pessoalmente (ou pelo menos, creio eu que não).
Com esse desapego às atitudes, também não
se consideram as consequências das ações tomadas. Ajo como se não houvesse
amanhã, como se ninguém fosse ser atingido por minhas palavras e meus atos. Infelizmente
ou felizmente, a lei do retorno existe, e uma hora ou outra seremos
responsabilizados por nossos atos.
Por fim, o que considero ser o pior
tipo de desapego é o desapego às pessoas. Tratamos os outros como descartáveis,
como companhias voláteis, que assim que me canso eu jogo fora. Desprezamos seus
sentimentos, pensamentos e opiniões, considerando que somos nós que detemos o
monopólio da verdade.
Infelizmente, paramos de tratar o
outro com amor, empatia, compaixão e respeito. Tudo isso, muitas vezes, em nome
desse desapego.
Então, fica o meu pedido: desapegue,
mas não de tudo. Apegue-se ao que importa, ou, o mais importante, a quem
importa.
Se preocupar, perguntar se está bem,
mandar aquele bom dia, aquele desejo de melhoras não te faz uma pessoa pior,
muito pelo contrário.
Muitas vezes por medo de não sermos
correspondidos acabamos não agindo da melhor maneira que podemos, não dizemos
aquela palavra de carinho ou cuidado que fica presa na garganta.
No que toca à elogios, palavras de cuidado
e amor, é melhor dizer do que calar.
Quem sabe assim, uma geração de
pessoas solitárias possa sentir que não está tão sozinha, afinal, também
existe alguém ali, passando pela mesma coisa, que está pronto para lhe estender
a mão.❤
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