PESSOAS INSPIRADORAS - SAULO PESSATO
Saulo é
daquelas pessoas que você começa a conversar e não quer parar. Foi assim quando
nos conhecemos, e toda vez que conversamos. Ele conversa sobre tudo, de uma
forma inteligente, interessante, que envolve e acolhe. Assim também escreve. Traz em cada texto - e
em cada livro, um universo de assuntos, abordados de forma criativa, inteligente e única. Adoro o uso que ele faz da língua portuguesa, usando e abusando de
suas combinações e significados.
Gentilmente,
Saulo cedeu-me a entrevista que segue, que, assim como ele, é pura inspiração. Tomara que
gostem, eu adorei ;)
1) Se
você tivesse que escolher de 1 a 3 livros que mudaram a sua vida, aqueles que
você não vive sem, que daria de presente sempre que pudesse, quais seriam?
1984 -
George Orwell
Memórias
póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Amor nos
tempos do cólera - Gabriel García Márquez
2) Qual foi
o ensinamento/crença/aprendizado que mais mudou sua vida nos últimos anos?
"Na
vida a gente ganha ou aprende" - não sei quem é o verdadeiro autor da
máxima
3) Quando e
como você soube o que queria fazer da vida? Quando descobriu seu propósito?
No fundo,
não sei... estamos sempre perseguindo uma resposta, um objeto-objetivo para
preencher essa lacuna que parece vir com a vida:
"o que
você quer fazer da vida? Ah.. mas isso não dá dinheiro! Ah... mas isso é chato!
Ah... Ah... Ah..." Sempre tem um "ah" - na verdade todos
deveríamos entender o que a vida quer fazer da gente? Ela costuma nos dar
pistas, talentos, ferramentas, caminhos... no resto, temos que nos virar e
saber olhar as paisagens, saber construir os abrigos. Os propósitos
visualizamos em cada passo que damos nessa estrada, torcendo sempre para que o
norte não tenha ficado para trás. Na última bifurcação.
4) Como é
seu processo criativo (ou de trabalho)? Você é metódico com o que faz, ou deixa
as coisas fluírem espontaneamente?
Costumo
dizer que meu processo criativo se faz por inspiração e por transpiração.
Há dias em
que as palavras vem no ar, como uma pena ao vento e eu só preciso apanhá-las e
dispô-las no papel. Às vezes tenho sonhos poéticos e preciso ter uma caneta ou
o celular ao alcance para não perder a ideia, que, muitas vezes vem como verso,
outras, como texto completo. Nesse caso, pura inspiração.
Mas, há dias
em que decido sentar e me dedicar ao texto e, nesse caso, preciso suar, colocar
os alicerces, erigir os muros, as vigas e, por fim, cobrir o telhado, como um
pedreiro... Nesse caso, pura transpiração.
Para a
primeira, é preciso deixar fluir. Para a segunda, é preciso o beneditino
esforço.
5) Quando
você está exaurido/sem foco/sem inspiração, o que você faz?
Procuro
esvaziar a mente, afastar-me da literatura. Vou fazer um passeio de moto,
encontrar amigos, jogar videogame... Deixo a bateria recarregar
naturalmente.
6) Quais (ou
quem) são suas maiores influências/inspirações?
Manuel
Bandeira, Manoel de Barros, Drummond, Paulo Leminski, Millôr
Fernandes, Machado de Assis, Guimarães Rosa, entre outros.
7) Qual foi
o processo de criação de seus livros? O que você tira de positivo e de negativo
dessas experiências?
No jardim
das borboletas foi
completamente elaborado com a ajuda dos meus seguidores e financiado por eles
via crowdfunding. Primeiro livro, foi publicado independentemente em 2016.
Publicar um livro independente tem muitos aspectos positivos. Especialmente se
financiado coletivamente. O primeiro deles é o lucro total sobre a produção.
Entretanto, não havendo a intervenção de uma editora, todo o processo de
confecção do livro fica por conta do autor (capa, diagramação, ISBN, revisão) e
a inexperiência pode ocasionar algumas falhas. Se por um lado o livro fica
exatamente como o autor quer, por outro, a falta de conhecimento acerca dos
conceitos mais básicos, geralmente proposto pelas editoras, pode ocasionar um
parto feio. Além disso, na publicação independente, o autor acaba responsável
por todo o processo de armazenamento, distribuição e venda do livro e isso pode
ser sacal. Delegando-o a uma editora, o autor fica livre para escrever outras
obras (e sua casa não fica abarrotada de livros).
Entretanto,
publicar um livro com uma editora não implica necessariamente ter a vida fácil.
A grande maioria das editoras se interessa pelo título mas não faz grandes
investimentos no marketing do livro (muitas vezes sequer o coloca nas
livrarias). Se não for uma editora muito grande e conceituada ou pelo menos
empenhada em divulgar a obra, o autor acaba fadado a realizar grande parte dos
processos da produção independente, tendo como única vantagem o orgulho da
marca editorial. É mais o menos o que aconteceu comigo na minha segunda
publicação, o livro Verso entre virilhas (poesias eróticas),
que teve uma diagramação nota dez (o trabalho da edição do livro, capa,
revisão, etc. ficou realmente excepcional), mas a distribuição acabou feita em
apenas algumas livrarias, quase sem assessoria de vendas e marketing. Por fim,
95% das vendas foi intermediada por mim mesmo, por meio da compra consignada e
revenda) e um ano depois a editora simplesmente decidiu não reimprimir o livro,
ainda que a procura por ele existisse.
Meu terceiro
livro, Diálogos de olhos (crônicas), será lançado nessa
primeira metade de 2020. Para sua publicação, apostei mais uma vez no
intermédio editorial e espero ter melhores experiências no que se refere à sua
distribuição e vendas.
8) Quais
seus próximos projetos?
Paralelamente,
estou envolvido em alguns projetos germinais, diferentes daqueles que realizo
nas redes sociais.
Em parceria
com um empresário da região de Campinas, estou prestes a finalizar uma coleção
de 12 livros infantis chamada "Criança Virtuosa" - os livros serão vendidos
em caráter de combo e funcionarão como ingresso do parque de diversões que o
referido empresário está construindo. Uma das histórias inspirou-o a investir
numa série e também estou participando da redação do seu roteiro.
Além disso,
escrevi, há cerca de um ano, o roteiro de um programa infantil educativo, para
o qual pretendo começar a angariar recursos para desenvolvê-lo (televisão e/ou
youtube)
9) Se você
tivesse que deixar uma mensagem para quem está lendo, qual seria?
Gostaria
apenas de agradecer por sua presença nestes tão importantes e indispensáveis
diálogos que realizamos nas redes sociais, emprestando os seus olhos para ler
os nossos olhares... Agradecer cada compartilhamento, cada comentário, cada
mínimo gesto, cruciais combustíveis para nossa atividade.
OBRIGADA
SAULO, AMEI!! Muito sucesso nos seus próximos projetos.
Para mais do
Saulo:
Livros ("Poesia Reclamada" é lindo, e "Diálogo de Olhos" ajudei, com muito orgulho, a financiar. São obras belas e atemporais).
Até a
próxima pessoal, obrigada por acompanhar ❤
O Saulo Pessato é um autor excepcional...exala inspiração. Tem uma habilidade ímpar com as palavras. E uma sensibilidade arrebatadora expressa em tudo o que escreve. Sou mega fã
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