O AMOR E A TECNOLOGIA
❤ O
que mudou? O amor? A tecnologia? As pessoas? Por que não mais mandamos cartas
de amor, ou ao menos, mensagens de amor? Temos medo de demonstrar nossos
sentimentos? Vergonha? O que levou a maioria das pessoas à suprimir o amor, à
guardar para si todo o belo e puro que há no coração? Por que somente exortamos
nossos sentimentos de ódio, repulsa, discordância?
Não
pretendo analisar a fundo a alma humana, mas disso tenho certeza: escondemo-nos
por trás de nossas deficiências, e usamos a tecnologia com maestria para fazer
isso.
Antigamente,
mandar uma carta era uma tarefa longa, demorava-se para escrevê-la, enviá-la, e
caso chegasse intacta ao destinatário, muitas vezes o próprio sentimento já estava
ultrapassado.
Contudo,
eram mais comuns demonstrações claras de amor, profusão de sentimentos em
palavras escritas, declamações profundas da alma.
O
que aconteceu? O tempo passou, e parece que diminuiu o amor. Estreitamos as
relações, contudo, também as abreviamos. – oi, tudo bem? – tudo e você? –
também. – vamos marcar alguma coisa? – vamos sim! – combinado, nos falamos,
até. – até. E assim começa e morre o que poderia ser uma incrível história de
amor, ou, no mínimo, um vislumbre mais profundo de outra alma humana.
Penso,
ao reler cartas antigas, que as palavras sobreviveram aos donos, e que os
sentimentos, ao serem abertamente expressados, permaneceram, ao que estes breves
contatos de hoje em dia sequer atiçam o fogo do tempo.
Aceleramos
tudo, relacionamentos começam e num piscar de olhos se findam. Amizades se
perdem e nem sabemos o motivo. Pais e filhos, irmãos, parentes deixam de se
comunicar, mesmo tendo todas as condições para fazê-lo, e passamos a viver uma
vida essencialmente burocrática. Acordar, trabalhar, comer, dormir, recomeçar.
Cadê
a alegria, o amor, o contentamento? A emoção de cada descoberta, em descobrir a
si e ao outro? E ainda que nos encontremos – pessoalmente e não apenas
virtualmente, vejo casais, grupos de amigos que passam mais da metade do tempo
vidrados na tela do celular.
O verdadeiro contato humano está
respirando por aparelhos, as demonstrações de amor, então, correndo risco de
extinção.
Então vou lhe propor um desafio: se
permita amar e, mais ainda, expressar esse amor. Não tenha medo. Não estou
dizendo para dar uma de Romeu e fazer declarações na sacada de Julieta. Não é
isso.
Minha
proposta é que deixe o bom sair. Gostou da aparência de alguém? Elogie.
Agradeça, demonstre empatia, cuidado. Foi bem atendido? Diga. Declame o amor
pela vida, seja por palavras ou gestos. Traga o amor de volta para o mundo e
para você.
Valorize
as coisas boas, por menor que sejam, esteja mais atento aos outros e a si
próprio. Passe mais tempo construindo pontes do que muros. Coloque no papel o que
sente, ou não, mas deixe o sentimento sair de dentro do peito para o mundo.
Garanto que no bumerangue do universo, voltará para você ainda mais forte. ❤
*Crédito da foto: Pinterest