WESTWORLD E O MUNDO QUE CRIAMOS PARA NÓS
“Esses prazeres violentos têm finais violentos.”
❤Vez
ou outra aparece uma obra prima que nos chacoalha por dentro. Nos pega desprevenidos
e mexe com a própria fundação de nosso ser.
Seja
um livro, uma escultura, uma pintura, uma música, ou um filme. Aqui, é uma
série, com produção de filme, que fez minha alma balançar. São tantas coisas a
serem ditas, que não caberiam em um texto.
Assim,
em homenagem à segunda temporada que se aproxima, a qual terá início no final
de abril de 2018, pensei em fazer algumas considerações sobre a fantástica primeira.
Porém,
aviso: outros textos virão analisando os muitos aspectos inteligentes e
interessantes desta belíssima série, visto que um só não daria conta.
Para
quem não conhece, “Westworld” é uma série da HBO composta por dez episódios, baseada
em um filme homônimo. No filme, é criado um parque de diversões composto por
robôs, os quais devem servir aos humanos visitantes. Ocorre que em determinado
momento os robôs se revoltam pela forma como são tratados e matam os humanos
visitantes, gerando uma rebelião no parque. No filme, os robôs são os vilões.
Já
a premissa da série é totalmente inovadora e se afasta do filme original. Aqui,
o foco está nos robôs, agora atualizados para inteligências artificiais, com aparência
praticamente humana, que foram criadas para habitar o parque. Os visitantes
humanos são meros turistas – literalmente, nesta história.
Perfeita
analogia com a descoberta da mente humana, a busca interna, com a tomada de consciência,
“Westworld” aborda desde ciência, religião, tecnologia, amor, e principalmente escolhas.
Seriam elas livres ou pré-determinadas? Possuímos – assim como os habitantes do
parque, livre arbítrio, ou nosso futuro já está traçado?
Esta
e outras questões existenciais são amplamente abordadas em um roteiro
intrincado, cheio de referências, interpretado por um elenco de primeira,
somente com artistas que parecem ter nascido para seus papeis.

A
série é da HBO, e diferentemente do que se tem acostumado a ver, são lançados
os episódios semanalmente, o que levou à diversas teorias e a uma base de fãs enlouquecida
para descobrir os desfechos da história e de cada personagem, incluindo esta
que vos escreve.
Cada
episódio nos leva a uma espiral de autoconhecimento, regada à sangue, violência,
muita música boa, uma produção de arte impecável, direção, figuro e fotografia
dignos dos grandes prêmios.
Destaque
para as músicas do show, pensadas individualmente para cada momento, cada cena,
sendo a cereja deste grande bolo.
Ainda, ressalto as personagens mulheres e sua força, sendo elas que crescem mais, e mais longe,
tendo os arcos narrativos mais interessantes e imprevisíveis.
Assisti
à série duas vezes e ainda sim acredito que muita coisa ainda há para ser descoberta. Desde o
primeiro episódio se percebe o cuidado com a narrativa, que não possui furos e
se mostra amarrada como uma colcha de crochê. Cada detalhe conta.
As
referências variam de arte, literatura, como “Alice no País das Maravilhas”, Shakespeare,
Michelangelo, o próprio filme base, dentre diversas outras diretamente perceptíveis e outras que é preciso estar mais atento para percebê-las.
Pensamos,
refletimos e vibramos junto com esta série maravilhosa, que concorreu e ganhou
diversos prêmios. Não é à toa que está aguardando uma segunda temporada que promete
ser igual – ou ainda mais, eletrizante do que a primeira.
A
primeira temporada tem um ciclo completo, e como os próprios criadores
disseram, é dominada pelo controle.
Já
a segunda inicia um novo ciclo, ainda que diretamente ligado com o primeiro, que é
dominado pelo caos.
“Westworld”
traz diversas reflexões sobre a vida. sobre quem somos, quem queremos ser. Sobre
as escolhas que fazemos e suas consequências, a vida que criamos para nós.
No
caso da série, os personagens são instados a ir ao parque para serem quem não podem
ser no “mundo real”. Lá, suas inibições são completamente perdidas e vemos “as
máscaras caírem”, por assim dizer.
Da mesma forma, as inteligências artificiais são criadas para servirem à determinados estereótipos, sendo que ao longo da história vão descobrindo quem realmente são.
Então
questionamos: é o meio que leva a pessoa a ser quem ela realmente é, ou ela se
sente compelida a fazê-lo por estar em um meio que aparentemente não irá
julgá-la?

Para
quem ainda não assistiu, assista. Quem já viu, aguarde, a segunda temporada
está chegando. De qualquer forma, fico grata por ter algo tão inteligente à
nossa disposição. Tão bem feito e bonito. Se a vida é uma jornada, a estrada
para dentro de cada um é um labirinto. Achar seu centro é uma busca eterna.
E você, "já questionou a natureza de sua realidade?”❤
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