O ALFORJE, PERSÉPOLIS E O PODER DA LITERATURA


Por que eu leio? Por que você lê? Por que livros vêm sendo escritos e lidos há mais de dois mil anos? Não posso falar pela humanidade, mas posso falar por mim, e a resposta, apesar de óbvia, é muita mais ampla do que parece.
Começo dizendo que apesar do título deste texto, não é preciso ter lido os livros citados, tampouco entrarei em detalhes das histórias. Pode ficar tranquilo. Contudo, espero que ao final, fique curioso sobre as histórias, e, quem sabe, busque os livros para conhecer.
Voltando à pergunta inicial, eu sempre gostei de ler, mas acho que esta paixão que tenho hoje surgiu com o tempo. Acredito ser assim para todo mundo – ou quase.
Com a idade e maturidade, vamos nos interessando por outras coisas e buscando livros diferentes, formas diversas de ver o mundo e de conta-lo.
A literatura, como toda forma de arte, procura traduzir a visão de mundo do artista sobre a vida, no caso, em palavras. Seja em prosa, poesia, ensaio, novela, conto, crônica, não importa. O que importa é contar, é dividir a forma do autor-artista ver o mundo.
O leitor, então, passa a ser conduzido por esta jornada que começa com a capa e termina na contracapa, passando por páginas e páginas de viagem pela narrativa do autor-guia.
Ler é desbravar novos mundos, é viajar sem sair de casa. Ler dá a chance de ver o mundo todo através dos olhos de outras pessoas. Para mim, o livro é uma janela para a alma de quem escreve.
O fascínio pela leitura vem de épocas passadas. Muitos foram os livros escritos e muito ainda se escreve. Nem tudo de qualidade, nem tudo perene. Porém, algumas obras realmente atemporais destacam-se das demais, como sois em meio à constelação de livros escrita diariamente, e ganham um lugar especial no coração dos leitores.
No meu caso, “O Alforje” é uma destas obras. Fui agraciada em conhecê-la pelo clube de assinatura Tag Livros, e com ele viajei para o Irã e conheci um pouco mais das diversas religiões que compõem aquele lugar, tão conturbado quanto fascinante.
Aprendi a ver o mundo em não só uma, mas em nove perspectivas diferentes, criadas magistralmente pela escritora, a brilhante Bahiyyih Nakhjavani, a apreciar a literatura pelo o que há de melhor: uma história envolvente, intrigante e bem contada, envolta por uma embalagem apaixonante e misteriosa.
Este livro levou-me à “Persépolis”. Esta obra da incrível Marjane Satrapi me tirou o fôlego do começo ao fim. Seu formato foge ao tradicional, ao menos para mim, visto que se trata de uma história em quadrinhos, idealizada, ilustrada e narrada pela própria Marjane, eis que é um relato de seu país, o Irã, intercalado com a história de sua vida.
Estas duas obras, apesar de terem o Irã em comum, possuem abordagens diferentes, histórias passadas em épocas e locais distintos, mas servem ao mesmo propósito: retratar um tempo, uma época e compartilhá-la com o leitor.
Terminada a leitura destes dois livros, após me recompor de suas histórias fortes, intrigantes, mágicas e cheias de coragem, peguei-me pensando: em ambas as narrativas, a própria leitura se mostra como um dos personagens centrais.
Nos dois casos, saber ler ou não alterou a perspectiva de mundo dos personagens. Como uma irônica metalinguagem conjunta, mais uma vez a literatura se mostrou indispensável para a compreensão da vida daqueles de cuja história se contava.
Assim, se tivesse que resumir em uma palavra o poder da literatura eu diria: liberdade. Ler é conhecer, desbravar, e assim, entender e escolher as opções que a vida nos oferece.
O grande poder da literatura é possibilitar liberdade ao leitor. Meu desejo é que este poder seja eterno e que cada vez liberte mais mentes, servindo como uma ponte de empatia, compaixão e amor.


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