FAROL DA NOITE

Acordo sob a luz da lua. 

Lá no céu, ela ilumina tudo embaixo. É um farol na escuridão. É o farol da noite. Preocupo-me com "quês", "porquês" e "quantos". Preocupo-me com "quando". 

Ocupe-me de futuro, não vivo o presente. Remanesço no passado. Não sigo a luz da lua. Observo-a majestosa no céu: parece que viu o infinito. Permanece sempre igual, porém sempre diferente. Tem por companhia as estrelas, e tudo que tem abaixo dela. Seres vivos e não vivos, animados seres inanimados que seguem em constante evolução. 

Em transformação, permanecem perenes em seus espaços. Rugem, bradam, choram. Vivem. Porém não sabem. Não veem, não amam, não sentem. 

Ignóbeis seres hostis. Vivem, mas não de verdade. Existem, mas não de verdade. Amam, mas não de verdade. Espectros de si, sombras dos outros. Veem a porta da caverna, mas não conseguem sair. Não querem. Nos levam também para ela, aconchegante prisão. 

Vemos, mas não com os olhos. Sentimos, mas não com as mãos. Somos além do receptáculo. Somos corpo, mas também mente, coração. Somos as partes de nós que não vemos. Cremos. Será mesmo? Seguimos. Com medo. Com dor. Com emoção. Cada vez mais longe, cada vez mais rápido, até perder o chão.

Acordo sob a luz da lua. O que será que ela ilumina?

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