O ÚLTIMO DUELO, DE RIDLEY SCOTT

outubro 13, 2021

"O Último Duelo" de Ridley Scott, resgata uma história ocorrida nos idos de 1300, mas que ainda se mostra tão atual: uma moça acusa um homem - que não é seu marido, de estupro. Quais as consequências deste ato? Será ela ouvida, e se ouvida, quem irá acreditar?

 



O fato ocorreu na França do Século XIV, em uma reconstrução de época digna de Ridley Scott, traduzida em um filme visualmente belo. As cenas de ação são impressionantes, feitas para serem vistas em tela de cinema, com uma produção de arte, figurino e fotografia que encantam e oprimem na mesma medida.

 

O filme narra o fato que envolve a personagem de Jodie Comer, Margarite, casada com Jean de Carrouges, interpretado por Matt Damon, sempre ótimo, ao acusar Jacques Le Gris, de Adam Driver, de tê-la estuprado, antigo amigo de seu marido, com quem teve alguns desentendimentos. O acontecimento é contado em três partes (capítulos), por meio de três perspectivas diversas: do marido, do estuprador e de Marguerite. 


Com uma sensibilidade imensa de roteiro, assinado por Matt Damon, Ben Affleck (que também interpreta Peter) - que escreveram as duas primeiras partes, e Nicole Holofcener - que escreveu a terceira parte (a versão de Margarite), o filme nos mostra que um fato pode ser interpretado de várias formas, mas que uma delas sempre é a verdadeira. Jodie Comer, das séries "Killing Eve" e "The White Princess", está perfeita no papel, imprimindo doçura e força quando necessário.

 

O filme tem como base um fato real transformado em livro, tratando do último duelo sancionado na França. Todavia, muito foi criado para o filme. Afinal, impossível saber o que as mulheres realmente pensavam e sentiam à época, pois ninguém estava interessado em relatar.


Um épico que no centro ecoa a coragem de uma mulher em denunciar um estupro quando era praticamente sancionado pela sociedade, em que "não" era "sim", e que a primeira pessoa a desacreditar o relato dela é outra mulher.

 

Parece ficção, mas é real. Ocorreu em 1300 na França. E ainda ocorre, no mundo, no Brasil, em 2021.


Que este filme seja mais um grito das vozes das mulheres para que nunca mais nos calem.


*aviso de gatilho, há uma cena de estupro mostrada duas vezes




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