"QUERIDO EVAN HANSEN" - Um filme necessário
Adaptação do bem
sucedido musical da Broadway, cujo ator que originou o papel reprisa-o no filme
(Ben Platt), escrito pelos premiados Benj Pasek e Justin Paul, ganhadores de
diversos prêmios não só pela peça, mas pelos filmes La La Land e O Rei do Show,
para os quais também compuseram as músicas, “Querido Evan Hansen” é um filme
necessário.
Aqui, algumas músicas
foram cortadas e outras escritas especificamente para o cinema, sendo todas pontuais,
enquanto as novas adições entraram muito bem, tanto que não se percebe que não
faziam parte do material original.
Os atores,
exclusivamente selecionados para o filme (não participaram da peça da
Broadway), dão um show de atuação, cantando suas próprias músicas,
destacando-se Amy Adams, Julianne Moore, Danny Pino, Kaitlyn Dever, Colton Ryan
e Amandla Stenberg, além do próprio Evan de Ben Platt.
Por uma causalidade, Evan tem um rápido contato com o colega Connor, o garoto "esquisito" do colégio. Durante essa interação, Connor pega uma carta que Evan escreveu para si mesmo conforme orientação do médico endereçada "Querido Evan Hansen" e assinada "Eu". Alguns dias se passam e Evan é surpreendido com a notícia de que Connor cometeu suicídio e a carta foi encontrada em seu bolso, supostamente uma carta de suicídio endereçada à Evan. A partir de então a trama se desenrola, com Evan não conseguindo desmentir o equívoco ao se envolver cada vez mais com a família de Connor e passando por seus próprios problemas e traumas.
Os atores dão um show ao tratar de um assunto difícil e que precisa ser dito: a saúde mental. Aqui, o foco está nos jovens, mas reverbera em todos que estão a sua volta. As questões giram não só entorno do suicídio de Connor, mas das próprias angústias e aflições carregadas com pesar por todos, cada um a sua maneira, inclusive aqueles que aparentemente são felizes, como bem dito na bela canção "Anônimos", inédita do filme.
O diretor, Stephen Chbosky é o mesmo de “As Vantagens de Ser Invisível”, outro filme incrível que trata de saúde mental, abuso e outras questões difíceis com muita sensibilidade (e uma trilha sonora espetacular), ambos adaptações de livros.
Senti
vontade de abraçar os personagens, de emprestar o ouvido e o coração para
mostrar que não estão sozinhos, que todos estão lutando suas próprias batalhas
e está tudo bem não estar bem e que pedir ajuda, por vezes, se torna
vital. Em certo momento do filme, os personagens percebem que não conheciam
Connor, ou ainda, que sequer fizeram esforço para conhecê-lo. E então percebem
que não conhecem seus próprios familiares, amigos, e aqueles que estão por
perto.
A discussão que
"Querido Evan Hansen" propõe é mais do que necessária, e o faz com tanta
sensibilidade que verti lágrimas em vários momentos.
Não há vida agitada
que nos impeça de olhar para aquele que está ao nosso lado sejam filhos,
maridos, esposas, pais, mães, amigos. Olhar de fato para o outro e mostrar que
ele não está sozinho, conversar sobre o que realmente se passa dentro de cada
um, talvez não seja a solução para um problema que cresce cada vez mais,
afetando a saúde mental e por vezes a vida tanto de jovens quanto de adultos,
mas é um começo. Talvez seja a palavra que vai tirar alguém de um lugar de dor
e coloca-lo no caminho do tratamento, da cura, da vida.
Como “Evan” diz, se
você procurar, você será encontrado. Não tenha medo de pedir ajuda, de dizer
que não está bem, de se mostrar por trás das máscaras tanto reais quanto
virtuais.
Você não está sozinho.
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