FALLING - AINDA HÁ TEMPO
Muito mudou no mundo. O feminismo
como movimento e forma de encarar as relações evoluiu muito, mesmo ainda tendo
um longo caminho pela frente. A maneira em que nos relacionamento como
sociedade, e sobretudo, como homens e mulheres, as dinâmicas de poder, não são
as mesmas que eram antigamente.
Enquanto foca-se no tanto que foi alterado pelas
mulheres, atingindo sua independência financeira, emocional e de escolhas,
repito, ainda com muito a ser feito, mas bem longe de onde estávamos, a
questão da masculinidade acaba sendo relegada.
Para dar voz à discussão, Viggo Mortensen,
o Aragorn da franquia "O Senhor dos Aneis", roteirizou,
dirigiu e protagoniza "Falling - Ainda há tempo".
A história gira em torno do personagem de Mortensen, que ao cuidar
do pai já velho e doente, é confrontado com os preconceitos de uma geração que
não quer entender que o mundo mudou, mas que velhos preconceitos ainda
existem e doem.
Mortensen interpreta um homem homossexual, casado
e com uma filha, que possui um relacionamento complicado com o pai. Um
filme intimista, com poucos personagens, e diálogos ótimos, que nos leva com
ele nessa discussão sobre o que é ser homem hoje em dia.
Questões familiares são postas à prova,
encabeçadas pela sempre ótima Laura Linney, como a irmã de Mortensen, mas o
foco está na relação entre pai e filho, permeada por diálogos por vezes
brutos, ora ternos, que nos questionam e fazem refletir sobre o mundo em que
vivemos - e queremos viver.
Um filme que traz uma voz autêntica e, acima de tudo, necessária.
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