"WEST SIDE STORY" (2021) - de Steven Spielberg
Leonard Bernstein e Stephen Sondheim
deixaram algumas obras realmente transformadoras com suas letras e músicas. Ouso dizer, no entanto, que
“West Side Story”, mais conhecido no Brasil como “Amor Sublime Amor”, é o
legado de suas vidas.
O filme que marcou o ano de 1961, com Natalie
Wood e Richard Beymer, traz uma releitura moderna de “Romeu e Julieta” (com um final
levemente alterado). Conta a história de amor impossível de Maria e Tony, ela de Porto Rico, cujo irmão, Bernardo, é o líder dos Sharks e Tony um dos fundadores dos
Jets (liderado por Riff), a gangue rival, agora buscando redenção.
Famosa pelas músicas dançantes,
coreografias coloridas e letras apaixonantes e críticas sociais estrategicamente colocadas, a história se da no
West Side, onde hoje existe o Lincoln Center, em Nova York, girando em torno da briga das gangues pelo território.
A adaptação do original segue bem
fiel, com atores escolhidos a dedo, em uma seleção que buscou, em sua maioria, artistas da Broadway,
acostumados, pois, a cantar, dançar e atuar.
Ensel Elgort de “A Culpa é das
Estrelas” surpreende nos vocais, e Rachel Zagler, no papel de Maria não decepciona, cantando
lindamente as canções. Destaque-se que é o próprio elenco quem canta todas as músicas,
diversamente da versão original, em que Natalie Wood foi dublada em alguns
momentos por Marnie Nixon, que também dublou outras divas da época como Audrey Hepburn
em “My Fair Lady” e Debora Kerr.
Os números musicais foram atualizados e colocados de forma mais dinâmica e empolgante. O tema, a briga de gangues motivada pela questão da imigração, se torna mais atual do que nunca e atinge seu ápice na música “Somewhere”, um hino dos musicais aqui cantada por Rita Moreno.
Rita ganhou o Oscar por sua atuação no filme de 1961 no papel de
Anitta, e aqui foi criado um papel só para ela, que agregou bem à história.
Ademais, ela é uma das produtoras do filme e se mostra muito à vontade nesse
universo.
A Anitta dessa versão faz jus ao papel, uma Ariana Debose, do elenco original de Hamilton, dando show na tela, inclusive ao cantar uma das minhas músicas preferidas de toda obra, "America".
Mesmo já tendo visto o filme original
e sabendo o que ia acontecer, o filme me encantou e trouxe um frescor a história, deixando tudo ainda mais mágico e belo. Impossível não sair cantando do cinema.
Não posso concluir essa crítica
apaixonada sem fazer uma ressalva importante.
A legenda do filme é muito ruim. Em
vários momentos eles falam em espanhol, inclusive partes importantes da trama,
e não há tradução. Ademais, as músicas não foram traduzidas ao pé da letra,
mas em uma versão absurda que destoa totalmente do que Stephen Sondheim fez.
Por exemplo, na música “Tonight” (Hoje à noite) na legenda diz: “para você”. Terrível. Já vá avisado
para não passar a mesma raiva que eu, e se puder, concentre-se na letra
original, vale muito mais a pena.
Feito esse adendo, arrisco dizer que
essa nova versão supera a antiga em alguns pontos, principalmente na fotografia,
figurino, produção de arte e ritmo. É um filme de Spielberg, afinal.
*“West Side Story”, dia 09/12, em
cinemas de todo Brasil.
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